quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Socialismo e Contemporaneidade


Quando o sociólogo e economista alemão Karl Heinrich Marx criou a sua grande obra, O Capital, em 1867, ele tinha certeza que sua escrita abalaria os alicerces do mundo capitalista, pois oferecia uma nova idéia de sociedade, enraizada em uma nova ideologia, a das classes operárias (proletariado). Com essa teoria, quebrava os laços com capitalismo e fazia renascer a esperança de igualdade social, alardeada até hoje como algo a se conquistar com esforço e esmero, discursos políticos populistas inúteis, que visam abocanhar uma grossa fatia da classe trabalhadora em épocas eleitorais.
Fazendo um “link” entre a obra de Marx e os dias de hoje, o que vemos é um paradoxo entre o discurso e a realidade: fala-se em igualdade social, inclusão digital, erradicação do analfabetismo, mas o que de fato existe é uma enorme distorção da economia, que enriquece cada vez mais as classes dominantes e afasta, na mesma proporção, os mais carentes da justiça social.
Não é errado afirmar que apenas 10% da população detém 90% da econo-mia, enquanto os outros 90% da população detém o restante, apenas 10% da eco-nomia, uma afronta à “missa rezada” todos os dias por partidos políticos que estão no poder há inúmeras gestões, não importando de fato que é o governante ou o seu partido.
O socialismo seria um instrumento para se a alcançar o utópico Comunismo, um regime com reais igualdades, longe do que é o capitalismo. Tudo isso em uma sociedade harmoniosa. Porém, a própria natureza humana é predatória e competitiva. Por isso o comunismo passa a ser uma utopia muito distante da realidade que nos assola.
Na antiga União Soviética, em Cuba e em outros países tentou-se implantar o regime que acabou por ser engolido pela globalização. Na China, ainda hoje, o regime é “dito” comunista. Mas o trabalho escravo, a exploração do proletariado que se vê naquele país não tem muita relação com a teoria pregada por Marx.
Mais do que uma ciência ou uma teoria, ou mesmo ainda apenas uma obra, as idéias de Karl Marx ainda nos fazem acreditar que é possível sonhar e, mais importante, lutar para uma sociedade mais justa e igualitária.

SAMBAGROOVE - Maria Fumaça

Pra galera de Uberlândia, uma boa dica pro final do ano letivo...

A Cultura da Ajuda


A notícia veiculada no jornal “Estado de Minas” chocou os mineiros: um senhor matou a sogra a marretadas e simulou um assalto para fugir da autoria do crime. Mas, o que mais chama a atenção é o fato dele dizer que estava “ajudando” a sogra, livrando-a da tristeza de viver com restrições físicas há oito anos.
Diante disso, somos levados a fazer uma análise da sociedade brasileira, já que esse não é um caso isolado; há outros casos de barbárie com cunho “humanitário”. Aliás, é próprio do ser humano, em especial o brasileiro, achar que sempre pode interferir na vida do outro, com a intenção de “ajudar”.
“Em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher”: não é essa a verdadeira prática do brasileiro, que gosta de dar opinião em tudo, se intrometer nos assuntos alheios e, às vezes, se vê em situações vexatórias graças à sua boa vontade. Ledo engano! Ninguém quer ver sua vida exposta ao outro, ou intromissões fora de hora. Como se houvesse hora certa pra intromissão...
Essa mania do brasileiro é tão grande que, em alguns casos, chega a ser engraçada: um outro caso foi de uma senhora, vizinha de um casal, que ouviu gritos vindo do lado junto com barulhos de pancadas. Chamou a polícia, que invadiu a casa e flagrou o casal em cenas, digamos, íntimas.
Nada de engraçado na tragédia do assassino da própria sogra, mas o fato é que historicamente aprendemos a política da boa vizinhança. Com a miscelânea de raças que é composta a nossa população, ninguém foge ao jeitinho brasileiro, sejam japoneses, italianos, portugueses, árabes.
Essas situações embaraçosas de invasão à vida alheia formaram também uma cultura de defesa: vassoura atrás da porta para espantar visitas indesejáveis, sal grosso jogado pelas costas para espantar o mal olhado, espelho de frente para a porta para refletir o mal que entra na própria visita, entre tantas outras crendices que foram formadas no nosso folclore, na nossa cultura.
Nos tempos do Império já se via fuxicos, fofocas, intromissão. Não teria como ser diferente nos dias de hoje. Tudo isso foi herdado, sem nenhuma glória, por nossos avós e, posteriormente, por nossos pais. E isso foi incorporado pelo povo, para coisas engraçadas ou mesmo trágicas. Cabe a cada um procurar o discernimento em cada ocasião. Podemos tentar mudar as regras do jogo, ou então teremos mais um ditado para nos guiar: pau que nasce torto, morre torto e até a cinza é torta.

A alegria superficial da compra


Ao passar pela vitrine e ver aquela bolsa ou sapato ou ainda aquele computador temos o impulso de entrar e comprar, muitas vezes até sem condições de fazê-lo. A idéia de que falta alguma coisa e que, ao comprar um objeto de desejo, estamos completos é ilusória. Como um menino com brinquedo novo, que depois de algum tempo o esquece jogado pelo fundo do quintal, qualquer pessoa também vai esquecer aquele objeto comprado por impulso e a sensação de vazio volta.
No mundo moderno e globalizado estamos cada vez mais introspectivos, “ensimesmados”, e o vazio nos acompanha em cada passo que damos. Não temos mais tempo para dedicarmos a nós mesmos ou àqueles que nos cercam. Estamos sempre correndo contra o tempo de entregar o trabalho na faculdade, chegar no horário ao trabalho, levar as crianças ao médico.
Aliás, como era bom ser criança! Não havia pressa nem em vestir o uniforme para ir para a escola. Os pais se preocupavam com isso. Em dias de prova, estudava-se um pouco antes, e se não se saísse bem, sempre tinha a próxima prova ou o próximo ano.
Esse corre-corre dos tempos de hoje, as pressões impostas pela sociedade, o fast food ao invés do arroz, feijão e bife, tudo isso colabora para que tenhamos uma vida extremamente desgastante e cheia de pressão. E essa pressão em algum momento vai sair, seja em alguma doença psicológica como anorexia, síndrome do pânico, bulimia, depressão ou ainda como o consumismo.
Trocamos o prazer de fala, do jantar em família, de brincar na rua pelo prazer de comprar. E compramos essa idéia como compramos algum objeto desnecessário, com a alegria superficial do sorriso nublado, sem a real visão das coisas. Visão que só é clara para os anúncios de “compre”, “leve”, “não perca”, nos dando ordens a todo o momento, com a promessa de nos fazer felizes. E, no final, pagamos caro por essa idéia que nos é vendida, e que insistimos em comprar.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

poema

INDECISÃO


Cada vez que sinto o seu corpo
Uma chama se acende em mim.
Cada vez me sinto mais louco
Te quero fazendo parte de mim.


Toda vez que vejo você
Me sinto mais inútil, sem vontade de viver.
Chama meu nome: Coração!
Me faz sentir aquela forte emoção.


Não se sabe quando isso vai parar.
Não se esconda, eu posso te achar.
Fica comigo, em um amor tão lindo!


Quanto mais penso em você
Mais me esqueço do resto da vida.
Já não sei se você me faz bem
Nem sei quantos recursos você tem pra me segurar


Não se sabe quando isso vai parar.
Não se esconda, eu posso te achar.
Fica comigo, em um amor tão lindo!

Resenha - Uma vida abaixo do tolerável


SALOMONE, Roberta: Uma Vida Abaixo do Tolerável. Revista Veja, Ed. de 8 de junho de 2005, p. 76-77.

Resenhado por Cláudia Biliato, Henrique Mendes, Luciana de Castro

e Ronaldo Pedroso

Na matéria da jornalista Roberta Salomone, veiculada no caderno “Cidades” da Veja, uma das revistas mais lidas do país, e ainda, uma das mais polêmicas, por publicar matérias muitas vezes direcionadas, é mostrada a realidade da orla da Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. Nela, é publicada uma foto que flagra uma criança saindo de um bueiro, local de sua moradia, contrastando com o vaivém de turistas e moradores abastados da região, um dos metros quadrados mais caros da cidade.

A jornalista conta ainda, não ser a primeira vez que esse fato ocorre. Em março de 2004, 25 pessoas haviam transformado uma galeria pluvial em um abrigo mais cômodo, com colchões, televisões e aparelhos de som. Assim que descobertos, foram removidos. Situações semelhantes já ocorreram também em Copacabana e no centro. Foram tomadas medidas para evitar o retorno dessas pessoas, com a concretagem e instalação de barras de ferro nos bueiros, impedindo o acesso aos túneis, e ainda o acompanhamento feito por educadores da prefeitura a essas pessoas.

Em Nova York, nos Estados Unidos, há também esse fato social: moradores vivem em túneis no metrô. Mas, assim como no Rio de Janeiro, há um esforço para removê-los de lá. A matéria ainda sita o filme de Luc Besson, Subway, com o ator Christopher Lambert interpretando um homem que conhece o subterrâneo do metrô de Paris e percebe uma sociedade com cultura própria e pessoas excêntricas, bem diferente do Rio de Janeiro, onde não há nenhum tipo de glamour.

A matéria aborda, mesmo que de forma superficial, o contraste de uma rica sociedade acima do solo e de outra miserável abaixo dele. Poderiam ter sido colocados mais elementos sociais, demonstrando de forma mais clara e impactante, a dura realidade de quem vive de pequenos furtos, de esmola, sem moradia e, porque não dizer, sem cidadania, vivendo totalmente à margem da sociedade carioca.

A remoção das pessoas dos bueiros é mais uma questão de se manter a boa aparência da orla para os turistas do que, de fato, um socorro social. Algo paradoxo, pois os turistas trazem dinheiro para a cidade, que não os utiliza de forma satisfatória para a população do Rio de Janeiro, em especial os miseráveis que vivem abaixo da linha da pobreza.

A solução para o problema deve ser extremamente abrangente, abordando ações nas áreas da educação, saúde, meio ambiente, turismo, infra-estrutura, alimentação, moradia, emprego e segurança. Não se resolve uma questão desse porte apenas impedindo a passagem de pessoas aos bueiros, ou ainda, com ações isoladas. O quadro merece ser tratado de forma séria e com pluralidade de ações.

O livro O Futuro da Humanidade – A saga de Marco Polo é recomendado, pois aborda a saúde, mais especificamente problemas psiquiátricos, e também os moradores de rua, mas de ponto de vista diferente, mostrando que cada pessoa tem uma história que merece e deve ser respeitada e levada em consideração, antes de se tomar quaisquer medidas públicas para a erradicação da miséria.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Tempo de férias e artes plásticas em Uberlândia

Repórter
Atualizada: 03/12/2008 - 17h16min
Acesso em 09/12/2008

Dezembro é mês de férias, festas de fim de ano e tempo livre para diversão. Quem, durante o ano, não pôde fazer determinados programas, como ir ao museu por exemplo, terá mais de uma razão para fazê-lo. Hoje, o Museu Universitário de Arte (MUnA) abre simultaneamente três exposições, em cerimônia às 19h, que permanecerão abertas até o dia 13 de março, de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h. Durante este período, novas programações deverão chegar ao local. Todas com entrada gratuita.

A galeria central do MUnA recebe a “Congadas Desenhantes”, com desenhos resultados de um projeto de mesmo nome, que reuniu 30 pessoas de diferentes áreas. Os trabalhos foram feitos antes, durante e depois da festa do Congo, realizada dia 12 de outubro.

Desde agosto, os participantes assistiram a três encontros, um com o capitão José Pedro Simão, que falou sobre a organização e preparativos da festa, outro com o artista plástico Alexandre França, que deu uma noção sobre cores e técnicas, e também com Renata Meira, professora de Artes Cênicas, que abordou os aspectos da dança do movimento religioso.

Ana Paula de Andrade, estudante do último período de artes plásticas, entrou no projeto como uma das organizadoras, mas no fim pegou caneta e papel e fez seus próprios desenhos. Seis deles fazem parte da exposição de logo mais. A patense está em Uberlândia para se dedicar à teoria da arte e conta que nunca gostou de desenhar, mas despertou o interesse graças a “Congadas Desenhantes”.

A abertura desta exposição contará com a apresentação do Terno Marinheirão, do bairro Tibery, e com todos os participantes do projeto, idealizado pelo artista plástico Glayson Arcanjo, estudante da Congada desde 2002.

Serviço:
As exposições “Congadas Desenhantes”, “Paisagens do Cerrado” e “Gráficos Obstáculos” serão abertas hoje, às 19h, e seguem até dia 13 de março, das 8h30 às 17h no MUnA. Entrada franca. Praça Cícero Macedo, 309, bairro Fundinho. Fique atento para as novas programações de férias pelo site www.muna.ufu.br.

Foto:Manoel Serafim
Obras de Assis Gumarães, inspirada por Maciej Babinski

Assis Guimarães e Maciej Babinski juntos

A soma de dois renomados das artes plásticas, Maciej Babinski e Assis Guimarães, também ganha destaque na sala de pesquisas visuais do MUnA a partir de hoje. Os trabalhos se reúnem em uma única exposição, “Paisagens do Cerrado”. Como o nome diz, mostra a vista que circula a cidade de Uberlândia. A técnica utilizada por Babinski é a aquarela e por Assis Guimarães, a gravura em metal.

Babinski é um artista polonês, há 54 anos no Brasil, ex-professor na Universidade Federal de Uberlândia (1979 e 1988) e deixou parte de sua coleção quando foi embora.

Assis Guimarães é nascido na cidade vizinha de Carmo do Paranaíba, mora em Uberlândia, excursionou pela Itália, Inglaterra, entre outros países, com o mesmo propósito de pintar paisagens. Pela primeira vez, Guimarães tem seus quadros expostos ao lado de Babinski, de quem assistiu a uma oficina de gravura em metal em 1995, a mesma técnica utilizada nas telas vistas a partir de hoje. “O que amarra estas duas exposições é a questão voltada para a representação da natureza”, disse Renato Palumbo, professor de História da Arte e coordenador do MUnA.

Foto:Manoel Serafim
Babinski é um artista polonês que vive há 54 anos no Brasil

Bruno Ravarizi coloca peças externas no museu

Até quem passar pela calçada do MUnA a partir de logo mais, quando acontece a abertura de três exposições de arte, poderá ver o trabalho de conclusão de curso de Bruno Ravarizi, graduando em Artes Visuais. Os dois banners batizados como “Gráficos Obstáculos” serão afixados nas paredes do local. A disposição faz um jogo de imagens com o interior do museu e dá uma impressão de que se pode ver através da parede.

“Vamos ver uma mescla de imagens, uma produção mais tradicional, que é o desenho e a aquarela. Há também propostas mais contemporâneas, como este trabalho do Bruno. Vamos valorizar a multiplicidade das coisas”, disse Renato Palumbo.

ARTE NA PRAÇA


Pessoal, quem não foi perdeu! Aguardem divulgação de novos eventos à tempo de cutirem.

Escrava Isaura na Aldeia Global


Dentro da idéia defendinda pelo filósofo e educador canadense Herbert Marshall McLuhan que criou o conceito de Aldeia Global (leia o artigo neste blog sobre esta teoria), a telenovela brasileira “Escrava Isaura” – produzida pela Rede Globo e exibida entre 11 de outubro de 1976 e 5 de fevereiro de 1977, às 18 horas – é o primeiro grande exemplo característico dessa teoria na televisão brasileira. Adaptação do romance A Escrava Isaura de Bernardo Guimarães, foi feita pelo novelista Gilberto Braga, com direção de Herval Rossano e Milton Gonçalves, com 100 capítulos.

Escrava Isaura foi a primeira novela de exportação brasileira, sendo recordista de exibição dentro e fora do país. No Brasil, teve 5 reprises pela própria Globo e uma segunda versão do romance, desta vez pela Rede Record, com o título de "A escrava Isaura", escrita por Tiago Santiago e Anamaria Nunes exibida de 18 de outubro de 2004 a 29 de abril 2005, às 19h30.

Foi a telenovela brasileira que mais viajou pelo mundo, exibida em mais de cem países, e a primeira a ser exibida na Rússia. Foi campeã de audiência na China, levando a atriz Lucélia Santos, que interpretava a protagonista na primeira versão, à status de ídolo naquele país.

Outro exemplo da ação de Aldeia Global utilizando Escrava Isaura como objeto de estudo é que a coleção Som Livre Masters lançou a trilha sonora original da novela pela primeira vez em CD. No Brasil, foi lançado apenas um compacto com 6 músicas e nenhuma delas era tocada com frequência na novela. Na Venezuela, foi lançado um LP com músicas instrumentais como "Retirantes", além das músicas de ação, o tema de Rosa e o tema de Leôncio.

Seja na televisão ou até mesmo com as músicas de sua trilha sonora, Escrava Isaura tornou-se ícone cultural e espalhou a cultura brasileira por todo o mundo. É informação e cultura viajando por todas as partes dos planeta, reduzindo-o à escala de uma aldeia.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

1° Domingueira Coutry


Neste domingo, dia 07, no Parque de Exposições "Os Idealistas", em Frutal, haverá a festa de fim de ano com o show de José Henrique e Gabriel. Parte da renda será revertida para o Hospital de Câncer de Barretos e o evento conta com o Ministério do Turismo do Governo Federal e com o Sindicato Rural de Frutal.


Preços:


PISTA : 15 REAIS A INTEIRA E 7.50 REAIS ESTUDANTES


CAMAROTE : 300 REAIS


Início: 17:00h

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Um cara estranho chamado Raul


Esse artigo foi publicado no jornal Pró-Cultura Alternativa da segunda quinzena de julho de 1991.

Raul Santos Seixas nasceu em Salvador em 28 de junho de 1945 numa família de classe média alta. Quando entrou no primário “empacou” por três anos na segunda série, porque matava aula para ouvir Rock ‘N Roll. Era fã ardoroso de Elvis Presley e até foi fundador de um fã-clube, o Elvis Rock Clube. Apesar do desapego aos estudos, Raul era muito inteligente e muito dedicado a leitura.
Em 1962, com 17 anos, monta seu primeiro grupo de rock e inicia a sua carreira cantando ao lado de ídolos da época como Roberto Carlos, Jerry Adriani, Wanderlei Cardoso, Wanderléia e outros nomes da Jovem Guarda. Em 1966, conhece Edith Wisner, uma americana filha de um pastor religioso. À pedido do pai da moça e dela própria, promete parar com a vida de artista e reiniciar os estudos. Presta vestibular para Direito e passa entre os primeiros colocados. Logo em seguida, casa-se com Edith e, para sobreviver, dá aula de violão.
Volta finalmente ao rock e faz turnê pelo norte com o conjunto Rauzito e os Panteras, ao lado de Jerry Adriani. Já no Rio de Janeiro, lança o primeiro LP. Em 1969, retorna à Salvador deprimido e desiludido. Retoma os estudos e faz Filosofia.
Em 1971, lança o seu segundo LP e, logo após, em 1972, participa do VII Festival Internacional da Canção. Em 1973, conhece Paulo Coelho, seu grande parceiro.
Em 1974, é exilado e vai para os Estados Unidos na companhia de Paulo Coelho. Lá visita a casa de Elvis Presley, Jonh Lennon e Jerry Lee Lewis. Ao retornar ao Brasil lança Gita e ganha seu primeiro disco de ouro. Lança diversos outros LP’s e, em 1981, pede rescisão de seu contrato com a CBS, recusando-se a fazer um disco em homenagem a Lady Diana.
Em 1982, quando fazia um show em Caieiras – SP, foi quase linchado pela platéia, tido como impostor de si mesmo. Foi espancado pelo delegado e por policiais da cidade, até que conseguiu provar a sua identidade, pois geralmente não portava documento algum. Em outra cidade do interior paulista, um grupo de beatas religiosas organizou protesto e abaixo-assinado para proibir seu show, afirmando que ele era um enviado do diabo. Raul não fez por menos; na hora do show, subiu no palco vestido a rigor, de negro, como o próprio. Foi o êxtase!
Com personalidade irreverente, letras fortes e muito talento, Raul “Rock” Seixas conquistou um público de certa forma restrito às grandes cidade e capitais, apesar de ser conhecido em todo o Brasil. Gravou cerca de 31 LP’s incluindo coletâneas. Em toda a sua carreira ganhou três Discos de Ouro. As músicas de sua autoria combinavam poesia, filosofia e irreverência.
Apesar de louco e realista, Raul sempre usou o nome de Deus em suas canções, deixando transparecer sua crença no Criador. Em 21 de agosto de 1989, subiu pelo “elevador dos fundos”, como gostava de cantar, às 5 horas da manhã, de parada cardíaca causada por uma pancreatite crônica. Das muitas frases fortes e de efeito que Raul dizia, uma verdadeiramente fará parte de sua história: “Os homens passam, as músicas ficam”.
Saudades, Raul, saudades...

Raul e as Drogas

Apesar de consumir drogas, Raul Seixas jamais incentivou alguém a usar. Pelo contrário, sempre reprimiu qualquer atitude de consumo, até mesmo com músicos de sua banda. Por ironia do destino, um de seus últimos sucessos, justamente, fazia uma alusão ao seu abandono do vício, desincentivando o consumo:
“Eu já parei de fumar
Cansei de acordar pelo chão
Muito obrigado, eu já estou calejado
Não quero mais andar na contramão.”


Rogério Basso


O Futuro da Humanidade

Lendo o livro de Augusto Cury que já foi indicado aqui no Alternativa, me dei conta, em determinada parte dele, da importância das ciências humanas para a sociedade. Trata-se de um debate entre a onipotência das neurociências e o trabalho conjunto delas com as ciências humanas para que haja um ganho no tratamento das doenças psicossociais (pânico, depressão, fobias). Vejam um trecho do livro que aborda o tema:



"O que estava em questão era... se o ser humano possuía ou não um espírito, um mundo psicológico que ultrpassava os limites da lógica e das reações bioquímicas... Se as neurociências ganhassem essa queda-de-braço, como já estava ocorrendo, as consequências para o futuro da humanidade poderiam ser chocantes. A psicologia desapareceria, ou pelo menos perderia sua importância. Medicamentos seriam usados em massa. Psicotrópicos poderiam ser colocados na água para tratar coletivamente de certas doenças psíquicas. Vidas seriam controladas."



Fiz um link dessa citação com outro livro, 1984 de George Orwell. No romance futurista, a sociedade é controlada através de câmeras espalhadas por todos os lugares, inclusive nos dormitórios. Não há um só lugar onde se possa ter privacidade. Tudo é regido pelo "Grande Irmão", ou "Big Brother" (daí o nome do programa que faz sucesso em todo o mundo, onde pessoas são isoladas em uma casa com câmeras ligadas 24 horas por dia, e que na Globo tem a apresentação do jornalista Pedro Bial). A sociedade é massificada através de vídeos, de propaganda ideológica, não existe a filosofia, o pensamento livre. 1984 também virou filme e fez escola: outros tantos foram produzidos com temas semelhantes.



Seja o controle genético de pureza da raça humana, de natalidade, seja o controle de pansamentos e atos, o importante é que Augusto Cury nos dá o problema e a sua resolução: o investimento no pensamento humano, nas ciências sociais, humanas, na filosofia, na arte do pensar. O ser humano pensa e produz; não somente produz. É um tema controverso, pois as as doenças psíquicas não são visíveis como um braço quebrado ou um corte. Existe muito preconceito. E quem diz isso é uma pessoa que já esteve do lado de lá do preconceito e hoje está do lado de cá.



Leiam os livros citados e assistam o filme. O pensamento aliado à palavra são armas poderoríssimas na luta por uma sociedade mais saudável e justa.

domingo, 30 de novembro de 2008

CINEMA BRASILEIRO


Vejam abaixo um texto publicado no Jornal Alternativa, na segunda quinzena de 1991.

O cinema brasileiro sofreu algumas modificações na década de 1950. Foi o chamado "Cinema Novo".

O Cinema Novo foi um movimento de renovação nos seus aspectos éticos, econômicos e políticos. Os precursores "Rio 40 Graus" (1955) e "Rio Zona Norte" (1957) de Nelson Pereira dos Santos, surgiram como reação à mediocridade da "Chanchada" que era o gênero dominante. Tornou-se um movimento cultural a partir do primeiros filmes de Glauber Rocha, "Barra Vento" (1964) e "Deus e o Diabo na Terra do Sol". Glauber lançou raízes dessa tendência em seu livro citado acima.

Em sua melhor fase (até 1968), o Cinema Novo revelou importantes diretores, que fizeram alguns dos melhores filmes do nosso cinema: Rui Guerra, Carlos Diegues, Paulo Cesar Saraceni ("Porto as Caixas" e "O Desafio"), Joaquim Pedro de Andrade, Walter Lima Júnior ("Menino de Engenho"), Leo Hirszman ("AFalecida") e o próprio Nelson Pereira dos Santos.

São filmes realistas, de produção modesta, mas com alto rendimento estético, o que lhes valeu dezenas de prêmios em festivais internacionais. Sua temática, urbana ou rural, procurava aboradar de forma crítica os problemas sociais da chamada "Realidade Brasileira". No final dos anos de 1960, o movimento entrou em crise (a ditadura militar teve muito a ver com isso).

Conrado F.Campo e Ronaldo Pedroso