segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Vida em duas rodas


Jeans, jaqueta de couro, óculos de sol, luvas e capacete. Esses são os acessórios de quem gosta de velocidade e é apaixonado por motos. Em Brasília (DF), diversos grupos se reúnem para contar histórias, rever os amigos ou simplesmente admirar esses veículos de duas rodas. E o número de adeptos deste estilo de vida vem crescendo, como pode ser notado nos diversos locais onde se reúnem: às terças na Vila Planalto e no autódromo, às quartas no Guará e aos sábados no Sudoeste. Os pontos de encontro são considerados verdadeiros shopping centers a céu aberto para os seus frequentadores com shows ao vivo, comércio de veículos e acessórios, serviço de lavagem e manutenção de motos.

A servidora pública Marlei Espírito Santo, 35 anos, participa de encontros de motociclistas há mais de dez anos, e há quatro comprou uma Yamaha Virago 250cc. Mas não quer parar por aí. “Pretendo adquirir uma moto de maior cilindrada para fazer viagens com mais segurança para destinos de maior distância. Claro que, em termos de sonho, como boa admiradora da Old Scholl [velha escola], queria ter uma Indian ou uma Triumph Rocket III”, confessa a servidora.

Aliás, gastos são previsíveis para essa trupe. É o caso de Hiram Deiques, 50 anos, técnico administrativo que foi morador da cidade pernambucana de Petrolina, onde entrou para o grupo de motociclista Federais do Velho Chico. Pelo menos duas vezes por ano, Hiram viaja com sua BMW G650GS para o ex-lar a fim de rever os amigos. Casado, reconhece que sofre resistência dentro de casa por parte da esposa, que não gosta esse tipo de transporte. Apesar de há anos pilotar motos, nunca se acidentou. “Nem quero, eu viajo tranquilo”.

Segurança é o ponto mais importante para quem gosta de duas rodas. Principalmente porque as pesquisas revelam que o número de morte envolvendo motocicletas triplicou no período de dez anos. Enquanto em 2000 houve 4 mil mortes no trânsito, em 2010 o número saltou para espantosos 13.452 óbitos. A estatística é do Instituto Sangari em parceria com o Ministério da Justiça e elaborado pelo sociólogo Júlio Jacobo. Segundo o levantamento, os homens totalizam 89% dos acidentados. O aumento da frota impacta diretamente na estatística, já o número de motos aumentou 300% entre os anos de 2001 2 2011, segundo dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas e Similares (Abraciclo), com base em números do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Mas a imprudência é ainda uma das grandes causadoras de tragédias no trânsito.

Curiosamente, em Brasília, o último acidente fatal com moto não aconteceu nas ruas nem envolveu imprudência ou mesmo imperícia. A piloto Vanessa Daya, 31 anos, campeã brasiliense na categoria 600cc - "Superbike com Batom", morreu após sofrer um grave acidente em corrida válida pela terceira etapa do Campeonato Brasiliense de Motovelocidade, ocorrida no dia 14 de julho, no Autódromo Internacional de Brasília. Vanessa ainda lutou pela vida durante quatro dias no Hospital de Base, mas perdeu sua última competição, desta vez pela vida, no dia 17 de julho.

Esse tipo de situação é inimaginada por Marlei ou Hiram, que continuam com seu amor pelo estilo de vida único proporcionado pelo vento no rosto. A servidora pública defende o veículo e ressalta suas vantagens. “A moto não é só um meio de transporte mais econômico e que possibilita melhor deslocamento, é um estilo de vida, é uma paixão", reafirma.

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