segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Nem foi tempo perdido...


Há uma década e meia atrás morria um dos maiores expoentes do rock nacional: Renato Russo. Tudo ou quase tudo já foi dito sobre o líder da Legião Urbana, e eu não tenho a pretensão de afirmar que este artigo traz informações inéditas sobre o cantor. Mas estas linhas trazem as minhas impressões pessoais, o meu entendimento e a minha opinião acerca do compositor.

Ídolo para muitos, que viam na Legião Urbana e no movimento do rock anos 80 uma verdadeira religião (aliás, Russo detestava esse estigma), Renato Manfredini Júnior nasceu no Rio de Janeiro em 27 de março de 1960 e morreu também no Rio em 11 de outubro de 1996. Mas foi na capital federal, em plena ditadura militar, que começou a carreira de músico. Em 1973, mudou-se com os pais para Brasília e fez parte de um movimento que mais tarde ficaria para a história.

Aliás, não se sabe por que Brasília se tornou o berço do rock nacional, até mesmo porque a influência cultural nordestina era muito grande, com milhares de trabalhadores migrando para o Planalto Central, primeiro para a construção da nova capital, e depois para fixar-se, à procura de novas oportunidades. É bem verdade que, assim como Brasília acolheu trabalhadores braçais que ajudaram a erguer a cidade, também arregimentou parte da nata da sociedade intelectual brasileira, que deixou o eixo Rio-São Paulo para acompanhar a movimentação política do Distrito Federal.

Renato Russo, bem como os integrantes do movimento roqueiro, tinha como principal característica a crítica político/social incrustrada nas letras longas e quase sem refrão. Não se importava muito com a melodia, tratando-a apenas como um veículo para a divulgação das idéias contidas nas letras. Para o vocalista da banda Capital Inicial, Dinho Ouro Preto, esse foi o motivo de Russo ter se destacado no cenário: além da voz forte, ele era o melhor letrista.

E é justamente nas letras das canções que Renato mostra cada fase de sua conturbada vida. Histórias contadas de formas diversas, às vezes nervosas, outras depressivas, muitas sobre o cotidiano, inserindo personagens reais da sua vida como amigos, professores da infância, com personagens fictícios de fábulas e contos de fada.

Faz falta. Seja nas músicas do Aborto Elétrico, seja na Legião Urbana, ou mesmo na carreira solo. Idolatria é muito para mim, um tanto quanto de exagero. Mas Renato Russo é o que mais chega perto dessa definição. Mas um fenômeno mostra que o cara está vivo. Meus filhos ouvem Legião, cantam junto, sabem as letras de cor. E eles nasceram anos depois da morte do cantor. Isso acontece com grandes nomes da música como Elvis, Raul Seixas, The Beatles, Cazuza. E também Renato... Nem foi tempo perdido.

Imagem: divirta-se.correioweb.com.br

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