quarta-feira, 2 de julho de 2014

A Guerra do Fogo

Dirigido por Jean-Jacques Annaud, a Guerra do Fogo (La Guerre du Feu, 1981) é uma co-produção da França e do Canadá, tendo como enredo a disputa entre dois grupos de hominídeos pelo domínio do fogo na pré-história. Na história, o fogo já é conhecido e manuseado pelos personagens, porém eles não possuem a capacidade de gerá-lo, tendo de manter a chama viva todo o tempo.

Neste contexto, o fogo se torna um objeto de luxo, transportado com todo o cuidado para não apagar, tendo sempre alguém para mantê-lo aceso. O fogo representa poder; quem o possui, tem a supremacia sobre outros animais e outras tribos. Na trama, um grupo rival ataca e rouba o fogo dos protagonista, que partem em busca dos inimigos para reaver essa fonte de poder.

Annaud foi arrojado ao excluir a linguagem verbal no filme, utilizando apenas gestos e grunhidos nos personagens. Mesmo assim, é possível perceber as nuances da comunicação entre os envolvidos. Quando existe algum tipo de ameaça, os personagens gritam e rosnam, bem como utilizam de pedaços de pau que batem ferozmente no chão, com o intuito de intimidar seus opositores. Este gesto tem o significado de ameaça ao receptor. Outro ponto a ser salientado é o tamanho da arma empunhada; quanto maior, mais poder.

Apurando um pouco mais a fundo a linguagem utilizada na produção, a trilha sonora é fundamental pois, em muitos momentos, dá o tom da história, alternando suspense, ação ou drama. Essa é, inclusive, uma das formas de ressaltar os sentimentos que o diretor procura expressar entre os personagens. Eles são seres extremamente rudes e pouco desenvolvidos do ponto de vista emocional, tendo a ira como a sua maior representação. Um bom exemplo é a cena descrita a seguir.

Em determinado momento, uma pedra cai na cabeça de um dos protagonistas, levando uma mulher, que pertence a uma tribo mais desenvolvida, às gargalhadas. Os outros, pertencentes a um grupo mais primitivo, parecem desconhecer o riso. Essa manifestação será desenvolvida por eles ao longo da produção, assim como várias outras formas de expressão. Esta mulher será a ponte entre o passado e o futuro. Ela os ensinará a produzir fogo e a expressar sentimentos, coisa impensada até então, e formará, inclusive, par romântico com o personagem principal.

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