sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Eleição 2012 é marcada por ofensas e ataques



Aprendi com o tempo que a palavra cultura engloba inúmeros aspectos do cotidiano. Existe cultura artística, cultura esportiva, cultura agrícola, etc. Então logicamente, existe também cultura política. E após as eleições municipais, em muitas cidades já decididas em primeiro turno, não poderia me furtar de expor meu pensamento acerca do que vi e ouvi nesse pleito, principalmente nas cidades que mais acompanhei: Frutal, Uberlândia, Uberaba, Araguari, Ituiutaba e São Paulo. Vou citar fatos sem citar o local em que eles supostamente teriam acontecido nem os possíveis envolvidos, uma vez que o objetivo deste artigo é apenas expressar minha humilde opinião, e não entrar na onda de “denuncismos”.

Achei que, mais de 20 anos após as primeiras eleições diretas, com o retorno da democracia na década de 80, nós (povo brasileiro) tínhamos aprendido a ser mais polidos, inteligentes e minimamente civilizados. Pelo jeito não. O que se viu foram ataques a honra deste ou daquele candidato, bem nos moldes da corrida presidencial de 1989, com ofensas pessoais entre os então candidatos Fernando Collor de Melo e Luís Inácio da Silva (que, na época ainda não tinha o apelido Lula acrescido no nome). Anos depois, o que parecia impossível aconteceu. Lula e Collor firmaram aliança, assim como o Partido dos Trabalhadores (PT) se aliou ao Partido Progressista (PP). Da mesma forma, os Democratas (antigo PFL e PDS) formaram uma das mais importantes coligações com o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), antes um partido de ideais socialistas.

O inimigo de meu inimigo é meu amigo, diz o ditado popular. Afirmo que inimizades não deveriam existir, então poderia parafrasear livremente da seguinte forma: meu adversário hoje poderá ser meu aliado amanhã. Isso é o que mais se vê na política. Nós deveríamos ter aprendido isso com o tempo, com os pleitos passados, eleições vencidas e perdidas, campanhas e militância. Aliás, militância intolerante e exacerbada foi o que mais se viu (novamente, diga-se de passagem) nessas eleições. A falta de respeito tomou conta de redes sociais, com antigos amigos tornando-se inimigos por conta de ideais e candidatos diferentes. Muitos brigaram, xingaram, ofenderam e perderam amizades antigas, magoaram e foram magoados. Pura bobagem. Daqui há alguns anos, os candidatos rivais poderão estar no mesmo palanque enquanto os brigões ficam com cara de taxo.

Isso é normal e diria que até salutar na política. Estamos sempre em evolução e devemos de ter o direito de mudar de opinião sobre todos os assuntos da vida. Um projeto que não concordo hoje pode vir a ser interessante no futuro e me dou o direito de pular de lado. Isso serve para todos, é a dinâmica da vida. Não quero justificar traições de ninguém. Quando alguém se propõe a fazer algo, que o faça. Mas as ideias, os projetos, os planos podem mudar conforme o rumo que as coisas tomam. Isso deve ser feito com responsabilidade, transparência e honestidade. Não com truculência e inconseqüência.

Denúncias de compra de votos, superfaturamento, pesquisas encomendadas com resultados tendenciosos, caixa dois, ofensas pessoais, campanhas e propagandas irregulares, tudo isso vi e ouvi durante o período eleitoral. Em muitas delas até acredito, por serem de fontes confiáveis. Mas sem provas não há o que fazer.  Os adversários políticos (agora até inimigos) preferiam inundar as caixas de correios e timelines de redes sociais com denúncias baixas e ofensas do que trabalhar na obtenção de provas para as referidas denúncias. E com isso, quem perde não é o candidato A ou B, e sim, todos nós, que nos vemos atolados em discussões infrutíferas, enquanto poderíamos nos aprofundar nos projetos propostos por cada coligação e fazer a escolha que melhor nos apetecesse.

Fica aqui o meu desabafo ao ver campanhas diversas com péssima qualidade, mal organizadas e ridiculamente planejadas e executadas, enquanto as militâncias dos lados opostos se engalfinhavam nos meios de comunicação tidos como “oficiais” e nas redes sociais. Bobagem, na minha humilde opinião, seja de que for. Mas também respeito quem discorde. Afinal, democracia de verdade se faz assim. Concordando, discordando, debatendo e resolvendo os problemas da sociedade. E não com difamações, denuncismo, calúnias, ofensas e desrespeito ao próximo. Fica o meu repúdio a esse tipo de atitude.

Imagem: feijoadapolitica.com

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