
Muitas pessoas confundem a divulgação científica com o jornalismo científico. A diferença não está somente na maneira de se fazer, mas também no sentido que se dá à notícia.
No meio comunicacional existe espaço para diversos profissionais com várias funções a serem desenvolvidas, cada uma de maneira diferente, com seus valores, sua importância e seu lugar na mídia. O que se espera aqui é desenvolver um pequeno e breve estudo sobre as diferenças entre a divulgação e o jornalismo dentro do meio científico sem menosprezar quaisquer que sejam as especificidades de um ou de outro.
Podemos começar pensando que o profissional da comunicação pode exercer as funções de divulgador ou de repórter, ambas divulgando os experimentos, avanços tecnológicos, descobertas científicas. A linha que divide essas funções é tênue e a ética deve ser o marco regulatório em qualquer um dos casos.
O jornalista, enquanto assessor de imprensa de determinada empresa, tem como função divulgar o trabalho realizado por ela, enviar releases, sugerir pautas para a mídia especializada ou mesmo para a grande mídia. Nesse caso, ele está utilizando de uma ferramenta ética da divulgação científica, ajudando a disseminar as conquistas de quem ele representa.
O caminho normalmente percorrido pela notícia é de chegar às redações de jornais e ser analisada por outros jornalistas, que irão estudar a sua relevância para a sociedade ou seu público-alvo, dirigindo assim seus trabalhos para apuração mais detalhada dos fatos, versões, personagens.
Revela-se aí o jornalismo científico, que não se prenderá a simplesmente divulgar a notícia, mas estudá-la a fundo, medir prós e contras, ouvir opiniões de outros especialistas sobre o que se está divulgando, encontrar uma linguagem acessível ao seu público, trazer exemplos.
O jornalismo científico é, portanto, também uma forma de divulgação científica, porém mais abrangente, imparcial, ética. A divulgação científica, feita de maneira correta, também pode ser ética, usando as ferramentas adequadas à sua produção e veiculação.
Não devemos nos esquecer que em qualquer um dos casos, o que fará a diferença entre uma divulgação ou matéria jornalística éticas, será o profissional que dará a notícia. Em nenhum dos casos pode-se omitir fatos que poderão prejudicar ou influenciar de forma errônea ou negativa o seu público.
Quando isso ocorre em uma divulgação científica, o jornalista da grande mídia ou mesmo da mídia especializada que abordará o assunto em seu veículo, deverá investigar todos os pormenores e levá-los à publico para que esse, em posse de informações fidedignas, possa interpretar a notícia com maior precisão.
Quando, da divulgação científica, o trabalho é feito de maneira ética, facilita o trabalho da imprensa, dá credibilidade à empresa que produziu a notícia e mostra profissionalismo e responsabilidade.
A grande diferença entre a divulgação e o jornalismo, apesar de ambos poderem ser feitos por jornalistas, é a imparcialidade. No jornalismo tem que se buscar ser sempre imparcial, enquanto que, na divulgação científica, a notícia poderá ser parcial, desde que, como dito anteriormente, seja feita de forma ética e não omita fatos. A parcialidade não é falta de ética, desde que o público seja informado que, aquilo que está sendo veiculado, tem um lado, uma opinião.
Não existem meias-verdades na comunicação, existem versões. A divulgação mostra a sua versão e o jornalismo investiga essa e outras versões e as expõe ao público.
Entretanto, os próprios veículos de comunicação se embaralham quando o assunto é esse. Inúmeros acessos em sites de pesquisa científica, artigos e matérias mostraram confusão quando se tenta separar as duas atividades. Muitos, a maioria na verdade, nem as separam. Confundem-nas, mesclam, misturam o que deveria ser atividades distintas.
O importante é que os jornalistas sejam éticos e busquem sempre a verdade, sem confundir seu público, buscando a melhor forma de comunicação.